sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Neemias, o Restaurador

Filho de Hacalias e irmão de Hanani; copeiro do rei persa Artaxerxes (Longímano), e, posteriormente, governador dos judeus, reconstrutor da muralha de Jerusalém e escritor do livro bíblico que leva seu nome. Ne 1:1, 2, 11; 2:1; 5:14, 16.

 Durante o 20.° ano do Rei Artaxerxes, no mês de quisleu (novembro-dezembro), Neemias, enquanto estava no castelo de Susã, recebeu visitantes, seu irmão Hanani e outros homens de Judá. Ao lhes perguntar, falaram-lhe sobre os grandes apuros dos judeus, e que a muralha e os portões de Jerusalém ainda estavam em ruínas. Neemias sentiu-se induzido a chorar. Por dias seguidos ele pranteou, continuamente jejuando e orando. Confessou o pecado de Israel, e, à base das palavras de Deus a Moisés (De 30:1-4), suplicou a Deus ‘fazê-lo objeto de misericórdia’ diante do Rei Artaxerxes, para que seu plano de reconstruir a muralha de Jerusalém fosse bem-sucedido. Ne 1.
Mais tarde, no mês de nisã (março-abril), as orações de Neemias foram respondidas. O rei notou a face sombria de Neemias e perguntou sobre o motivo disso. Neemias informou-o então sobre o estado lastimável dos assuntos em Jerusalém. Quando lhe foi perguntado o que procurava obter, Neemias, orando imediatamente a Deus, solicitou permissão do rei para retornar e reconstruir Jerusalém. O pedido lhe foi concedido. Além disso, Neemias recebeu cartas do rei, dando-lhe o direito de livre passagem através das regiões sob a jurisdição de governadores ao O do rio Eufrates e concedendo-lhe também suprimentos de madeira para o projeto. Ele partiu para Jerusalém acompanhado por chefes da força militar e cavaleiros. Ne 2:1-9.
Reconstruída a Muralha de Jerusalém. Depois de estar em Jerusalém por três dias, Neemias, sem que alguém o soubesse, exceto uns poucos homens com ele, fez uma inspeção noturna da cidade. Ao passo que os demais caminhavam, Neemias andava montado num animal, provavelmente um cavalo ou um jumento. Quando as ruínas encontradas eram tão extensas a ponto de bloquear a passagem, Neemias desmontou e seguiu a pé. Ne 2:11-16.
 
Ao passo que a obra progredia, Sambalá e Tobias continuavam a depreciar e a escarnecer os esforços dos judeus, de consertar a muralha de Jerusalém. Neemias fez disso assunto de oração, “e o povo continuou a ter coração para trabalhar”.
Quando a muralha atingiu metade da sua altura, Sambalá, Tobias e povos vizinhos intensificaram sua oposição a ponto de conspirarem lutar contra Jerusalém. Neemias repetidas vezes recebeu neste sentido informações dos judeus que moravam perto da cidade. Novamente, Neemias mostrou em oração confiança em Deus.
Para enfrentar a tensa situação, ele armou os trabalhadores, providenciando que outros montassem guarda e esboçando um sistema de alarme. Neemias, à noite, nem mesmo tirava a roupa, evidentemente para estar pronto para lutar caso soasse um sinal de alarme dos vigias. Ne 4.
Mesmo nesta situação premente, Neemias não estava ocupado demais para dar a devida consideração ao clamor dos judeus. Ouvindo as suas queixas de que estavam sendo oprimidos por terem de pagar juros, ele censurou os nobres e os delegados governantes, providenciando uma grande assembléia, e, depois de expor este mal, mandou que a situação fosse corrigida. Ne 5:1-13.
Foi depois disso que os inimigos fizeram tentativas de parar a obra de reconstrução. Quatro vezes tentaram desviar Neemias do seu projeto, mas ele os informou que não podia tirar tempo da grande obra que estava fazendo. Depois disso, Sambalá enviou uma carta aberta com falsas acusações e sugeriu que se encontrassem para trocar idéias. Neemias respondeu: “Não vieram acontecer tais coisas como estás dizendo, mas é do teu próprio coração que as inventas.”
 
Tentando mais um truque, Tobias e Sambalá contrataram um judeu para amedrontar Neemias, a fim de que cometesse o erro de esconder-se no templo. Todavia, Neemias não se intimidou, e o conserto foi terminado com bom êxito no dia 25 de elul (agosto-setembro), apenas 52 dias depois do início da obra de reconstrução. No entanto, Tobias continuou a enviar cartas intimidadoras a Neemias. Ne 6.
Terminada a muralha, Neemias dirigiu sua atenção à obra da organização dos servos do templo. A seguir, colocou dois homens no comando da cidade, um deles sendo seu irmão Hanani. Neemias deu também instruções a respeito da abertura e do fechamento dos portões da cidade, e a guarda deles. Ne 7:1-3.
 
Registro Genealógico. Naquela época, a população de Jerusalém era bem pequena. Parece que foi por isso que Deus pôs no coração de Neemias reunir os nobres, os delegados governantes e o povo para serem alistados genealogicamente, porque as informações assim obtidas podiam servir de base para se tomarem medidas com o fim de aumentar a população de Jerusalém. Enquanto Neemias dava atenção a este registro genealógico, parece que ele encontrou o registro daqueles que tinham retornado com Zorobabel do exílio babilônico. Ne 7:4-7.
Restaurada a Observância da Lei. Foi provavelmente sob a orientação de Neemias que se realizou uma assembléia na praça pública perto do Portão das Águas. Embora evidentemente o sacerdote Esdras tomasse a dianteira em dar instruções na Lei, Neemias também participou nisso. (Ne 8:1-12) A seguir, realizou-se a Festividade das Barracas, de oito dias de duração. Dois dias mais tarde, os israelitas se reuniram novamente. Durante esta reunião, fez-se uma confissão geral do pecado de Israel. Depois se redigiu um contrato de confissão. Este contrato de confissão, ou “arranjo fidedigno”, foi atestado pelos príncipes, pelos levitas e pelos sacerdotes. Neemias, “o Tirsata [governador]”, foi o primeiro a atestá-lo com selo. (Ne 8:1310:1) Todo o povo concordou em se refrear de casamentos com estrangeiros, em observar os sábados e em apoiar o serviço do templo. A seguir, escolheu-se por sortes uma pessoa em dez para morar permanentemente em Jerusalém. Ne 10:2811:1.
Foi depois disso que se inaugurou a muralha de Jerusalém. Para esta ocasião, Neemias designou dois grandes coros de agradecimento bem como cortejos para percorrer a muralha em direções opostas. Isto foi feito, e todos se encontraram no templo para oferecer sacrifícios. Além disso, designaram-se homens como encarregados das contribuições para os sacerdotes e os levitas. Ne 12:27-47. Cerca de 12 anos depois, no 32.° ano de Artaxerxes, Neemias partiu de Jerusalém. Quando retornou, encontrou condições deploráveis entre os judeus. Eliasibe, o sumo sacerdote, fizera no pátio do templo um refeitório para ser usado por Tobias, o mesmo homem que antes se opusera ferrenhamente à obra de Neemias. Neemias agiu imediatamente. Lançou fora do refeitório toda a mobília de Tobias e mandou que o refeitório fosse purificado. Além disso, Neemias tomou medidas para assegurar as contribuições para os levitas e pôs em vigor a estrita observância do sábado. Disciplinou também aqueles que tinham tomado esposas estrangeiras, sendo que os filhos que tiveram com estas mulheres nem mesmo sabiam falar a língua judaica: “E comecei a ralhar com eles, e a invocar o mal sobre eles, e a golpear alguns homens deles, e a arrancar seu cabelo, e a fazê-los jurar por Deus: ‘Não deveis dar vossas filhas a seus filhos, e não deveis aceitar nenhumas das suas filhas para os vossos filhos ou para vós mesmos.’”
“Ralhar” Neemias com esses homens, sem dúvida, foi por ele repreendê-los e censurá-los por meio da lei de Deus, expondo a sua atuação errada. Estes homens colocavam a nação restaurada no desfavor de Deus, depois de Deus a ter bondosamente repatriado de Babilônia para restaurar a adoração verdadeira em Jerusalém. Neemias ‘invocou o mal sobre eles’, o que significa que recitou os julgamentos da lei de Deus contra tais violadores. Ele os ‘golpeou’, provavelmente não em pessoa, mas ordenou que fossem açoitados como ação judicial, oficial. ‘Arrancou-lhes (parte do) cabelo.’ Isto era símbolo de indignação moral e de ignomínia perante o povo. (Veja Esd 9:3.) Neemias enxotou então o neto do sumo sacerdote Eliasibe, que se havia tornado genro de Sambalá, o horonita. Ne 13:1-28.
Neemias, Exemplo Notável. Neemias se destaca como primoroso exemplo de fidelidade e devoção. Era altruísta, abandonando uma posição de destaque como copeiro na corte de Artaxerxes para empreender a reconstrução das muralhas de Jerusalém. Visto haver muitos inimigos, Neemias se expôs de bom grado ao perigo a favor do seu povo e da adoração verdadeira.
 
Ele não só dirigiu o conserto da muralha de Jerusalém, mas também teve parte ativa e pessoal nesta tarefa. Não desperdiçou tempo, era corajoso e destemido, confiava plenamente em Deus, e era discreto no que fazia. Sendo zeloso pela adoração verdadeira, Neemias conhecia a lei de Deus e a aplicava.
Preocupava-se com edificar a fé dos seus co-israelitas. Mostrava ser homem que manifestava o devido temor a Deus. Embora impusesse vigorosamente a lei de Deus, não era prepotente sobre os outros para fins egoístas, mas mostrava preocupação com os oprimidos. Nunca exigiu o pão devido ao governador. Antes, fornecia alimentos para um considerável número de pessoas às suas próprias custas. (Ne 5:14-19). Apropriadamente, Neemias podia orar:
 
“Lembra-te deveras de mim, ó meu Deus, para o bem.” Ne 13:31
 
 
Créditos: http://personagembiblico.blogspot.com.br/2011/06/neemias-o-restaurador.html

terça-feira, 3 de julho de 2012

ALEGORIA DO FRUTO

Uma reflexão sobre aparência, substância e essência do cristianismo


       Podemos comparar o cristianismo que professamos, praticamos e cremos a um fruto, composto de casca, polpa e semente. Estes três elementos são importantes, mas não têm todos o mesmo valor.
       A casca dá boa aparência ao fruto e serve como invólucro protetor contra as pragas e intempéries do ambiente. A polpa é a parte de maior utilidade imediata, sendo também a mais saborosa e nutritiva. Entretanto, a semente é o elemento mais precioso porque tem a função de perpetuar a espécie, possibilitando a produção de inúmeros frutos no futuro.
  
CASCA – APARÊNCIA RELIGIOSA

         O cristianismo também tem a sua casca, que podemos sintetizar pelo uso dos verbos ter e fazer, incluindo nossa liturgia, por mais maravilhosa que seja. Todo o nosso aparato material, inclusive artístico e tecnológico é casca, ou seja, tudo aquilo que pode ser visto pelos homens, podendo funcionar como atrativo, como acontece com a embalagem de um produto. Qualquer religião pode ter templos magníficos e realizar eventos extraordinários. Entretanto, o cristianismo é muito mais do que isso. Se a nossa vida cristã se resume ao que fazemos no templo, estamos enganando a nós mesmos. Não me refiro ao lado espiritual do culto, mas à aparência dos atos em si. Os fariseus eram bons de casca. Sua aparência era a melhor possível, mas Jesus chegou a compará-los aos sepulcros caiados: bonitos por fora e podres por dentro (Mt 23.25-27).
        A casca é uma religiosidade superficial. Ela pode não ser ruim, desde que não seja a única coisa que temos, como acontece com aqueles frutos que parecem tão bonitos, mas já foram devorados internamente por algum verme. O pecado pode nos consumir por dentro, apesar do nosso bom aspecto exterior (Sl 32.3).
       A religiosidade, com seus usos e costumes, pode garantir boa aparência, mas de nada servirá se faltar a essência. Será como vestir uma roupa nova, cara e deslumbrante em um defunto.
Jesus alertou os discípulos para que não se enganassem com esse nível religioso:

“Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa…” (Mt 6.1-21).

        O mesmo alerta foi dado em relação às orações públicas e aos jejuns ostensivos.
       Não confunda atividade e religiosidade com espiritualidade. São coisas bem diferentes. A religiosidade produz um sentimento de dever cumprido e uma satisfação que sossega a consciência humana sem ter necessariamente agradado o coração de Deus. Não adianta trabalhar para Deus sem conhecê-lo.

POLPA – MODO DE VIDA

       Abaixo da casca está a polpa do fruto. Vamos representá-la pelo uso do verbo obedecer. É a substância que vai além dos rituais e abrange nossa vida, nosso comportamento, principalmente fora do templo e das reuniões cristãs.
      Na parábola do bom samaritano foram citados o levita e o sacerdote que poderiam estar em dia com seus deveres no templo, mas falharam fora dele.
       O evangelho não pode ficar preso nos templos, mas precisa sair pelas ruas e entrar nas casas por meio de pessoas que vivem o que Jesus mandou.
       Aqui estão as questões éticas da nossa vida e o testemunho cristão, se obedecemos aos mandamentos de Deus ou não, se fazemos o bem ao próximo ou não. Contudo, se fizermos boas obras com o intuito de aparecer, voltamos ao nível da casca.
Em geral, a polpa é a parte mais nutritiva do fruto. Nosso modo de viver será muito mais útil aos que nos rodeiam do que a realização de rituais.
       Se cumprimos ritos religiosos e temos bom comportamento estamos plenamente realizados? Não. O cristianismo é muito mais do que isso. Muitos ímpios também têm boa índole e bom comportamento, mas isto não os livrará do inferno. Muitos fazem obras de caridade, mas não serão salvos por elas.
       O jovem rico mencionado em Mateus 19.16 era obediente aos mandamentos e, certamente, cumpridor de suas obrigações religiosas, mas Jesus disse: “Uma coisa ainda te falta”. Ele estava acima do padrão dos fariseus, mas ainda não havia alcançado o padrão de Cristo. Além da casca e da polpa está a semente. Além da aparência e da substância está a essência, que podemos resumir pelo uso do verbo ser. É possível ter, falar, fazer e até obedecer parcialmente sem ser. Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22-23).

SEMENTE – O QUE ESTÁ NO CORAÇÃO

        A semente é o que está em nossos corações. Isto vai muito além da prática religiosa, dos costumes, das tradições e até mesmo do bom comportamento, pois abrange as motivações, pensamentos, intenções e o compromisso com Deus. Este é o cristianismo no íntimo, onde somente Deus vê. Não estamos desvalorizando os atos litúrgicos nem a ética, mas dizendo que a relação com Deus é algo mais profundo do que tudo isso. O jovem rico cumpria os mandamentos, mas não tinha relacionamento com Deus. Era semelhante a um filho obediente que vive longe do pai. O que havia em seu coração? O amor ao dinheiro.

       Que tipo de fruto é o cristianismo que eu vivo? Apenas casca? Tem substância? Tem essência? A prova dirá. As tribulações rompem a nossa casca e revelam quem somos. Em algum momento, a casca precisa ser rompida para que a semente se manifeste. Foi o que aconteceu com Jó. Sua “casca” foi arrancada e sobrou somente a essência. Depois de perder tudo, ele se prostrou e adorou, demonstrando profundo compromisso com Deus.
       Podemos viver um tempo em que nossos cultos públicos serão impedidos. Isto acontece em países onde o cristianismo é proibido. Então, só resta o que é íntimo. O profeta Daniel, no exílio babilônico, viu-se distante dos rituais religiosos judaicos, mas teve a oportunidade para manifestar a essência da sua fé.
       Atos religiosos podem ser realizados mecanicamente. Bom comportamento pode ser resultado da educação, mas existe algo mais profundo que é a vida de Deus em nós.
       As palavras de Jesus aos fariseus demonstram que ele estava em busca da semente em seus corações:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas” (Mt 23.23).

       Os apóstolos de Cristo alcançaram um nível espiritual muito acima dos fariseus e do jovem rico. Tornaram-se exemplos de pessoas que foram quebradas e demonstraram ter a boa semente em seus corações. Provaram isto porque foram fiéis, não em um contexto de prosperidade material, mas em meio às perseguições e perdas, mantendo o compromisso com Deus até a morte.
       Nossas reações diante das situações difíceis da vida, das ofensas e das perseguições revelam o que existe em nosso íntimo. Em momentos assim, muitos religiosos se desviam, mas os verdadeiros cristãos ficam firmes porque sua semente é autêntica. A semente é a parte mais forte do fruto, exatamente para resistir ao mau tempo e garantir que, depois do inverno, uma nova vida comece.
       Muitas sementes são desvalorizadas, sendo jogadas ao lixo, juntamente com a casca. Da mesma forma, corremos o risco de desvalorizar o mais importante na vida cristã: a intimidade com Deus. Precisamos conhecê-lo e ter experiências reais com ele, pois elas nos manterão de pé quando tudo estiver caindo à nossa volta. Precisamos buscá-lo intensamente e conhecer sua palavra profundamente. Menos do que isso é viver apenas no nível superficial da casca.
       Tudo no fruto é importante, mas precisamos investir mais na intimidade com Deus, combatendo os pecados do coração e não apenas na aparência. Deste modo, seremos frutos aprazíveis a Deus. As lutas não nos destruirão se, no profundo do nosso ser, houver a fé e o amor, como sementes divinas e preciosas. Esta é a boa e verdadeira espiritualidade.
      
A casca é pública.
A polpa é particular.
A semente é íntima, secreta.
“Teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.6).

Pr. Anísio Renato de Andrade

quarta-feira, 9 de maio de 2012

PASTORES FERIDOS


Pastores que abandonam o púlpito enfrentam o difícil caminho da auto-aceitação e do recomeço!
Por Marcelo Brasileiro

         Desânimo, solidão, insegurança, medo e dúvida. Uma estranha combinação de sensações passou a atormentar José Nilton Lima Fernandes, hoje com 41 anos, a certa altura da vida. Pastor evangélico, ele chegou ao púlpito depois de uma longa vivência religiosa, que se confunde com a de sua trajetória. Criado numa igreja pentecostal, Nilton exerceu a liderança da mocidade já aos 16 anos, e logo sentiria o chamado – expressão que, no jargão evangélico, designa aquele momento em que o indivíduo percebe-se vocacionado por Deus para o ministério da Palavra. Mas foi numa denominação do ramo protestante histórico, a Igreja Presbiteriana Independente (IPI), na cidade de São Paulo, que ele se estabeleceu como pastor. Graduado em Direito, Teologia e Filosofia, tinha tudo para ser um excelente ministro do Evangelho, aliando a erudição ao conhecimento das Sagradas Escrituras. Contudo, ele chegou diante de uma encruzilhada. Passou a duvidar se valeria mesmo a pena ser um pastor evangélico. Afinal, a vida não seria melhor sem o tal “chamado pastoral”?

          As razões para sua inquietação eram enormes. Ordenado pastor desde 1995, foi justamente na igreja que experimentou seus piores dissabores. Conheceu a intriga, lutou contra conchavos, desgastou-se para desmantelar o que chama de “estrutura de corrupção” dentro de uma das igrejas que pastoreou. Mas, no fim de tudo isso, percebeu que a luta fora inglória. José Nilton se enfraqueceu emocionalmente e viu o casamento ir por água abaixo. Mesmo vencendo o braço-de-ferro para sanar a administração de sua igreja, perdeu o controle da vida. A mulher não foi capaz de suportar o que o ministério pastoral fez com ele. “Eu entrei num processo de morte. Adoeci e tive que procurar ajuda médica para me restabelecer”, conta. Com o fim do casamento, perdeu também a companhia permanente da filha pequena, uma das maiores dores de sua vida.
          Foi preciso parar. No fim de 2010, José Nilton protocolou uma carta à direção de sua igreja requisitando a “disponibilidade ativa”, uma licença concedida aos pastores da denominação. Passou todo o ano de 2011 longe das funções ministeriais. No período, foi exercer outras funções, como advogado e professor de escola pública e de seminário. “Acho possível servir a Jesus, independentemente de ser pastor ou não”, raciocina, analisando a vida em perspectiva. “Não acredito mais que um ministério pastoral só possa ser exercido dentro da igreja, que o chamado se aplica apenas dentro do templo. Quebrei essa visão clerical”. Reconstruindo-se das cicatrizes, Nilton casou-se novamente. E, este ano retornou ao púlpito, assumindo o pastoreio de uma igreja na zona leste de São Paulo. Todavia, não descarta outro freio de arrumação. “Acho que a vida útil de um líder é de três anos”, raciocina. “É o período em que ele mantém toda a força e disposição. Depois, é bom que esse processo seja renovado”. É assim que ele pretende caminhar daqui para frente: sem fazer do pastorado o centro ou a razão da sua vida.
          Encontrar o equilíbrio no ministério não é tarefa fácil. Que o digam os ex-pastores ou pastores afastados do púlpito que passam a exercer outras atividades ou profissões depois de um período servindo à igreja. Uma das maiores denominações pentecostais do país, a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), com seus 30 mil pastores filiados – entre homens e mulheres –, registra uma deserção de cerca de 70 pastores por mês desde o ano passado. Os números estão nas circulares da própria igreja. Não é gente que abandona a fé em Cristo, naturalmente; em sua maioria, os religiosos que pedem licença ou desligamento das atividades pastorais continuam vivendo sua vida cristã, como fez José Nilton no período em que esteve afastado do púlpito. É que as pressões espirituais e as demandas familiares e pessoais dos pastores, nem sempre supridas, constituem uma carga difícil de suportar ao longo doa anos. Some-se a isso os problemas enfrentados na própria igreja, as cobranças da liderança, a necessidade de administrar a obra sob o ponto de vista financeiro e – não raro – as disputas por poder e se terá uma ideia do conjunto de fatores que podem levar mesmo aquele abençoado homem de Deus a chutar tudo para o alto.
          A própria IPI, onde José Nilton militou, embora muito menor que a Quadrangular – conta com cerca de 500 igrejas no país e 690 pastores registrados –, teria hoje algo em torno de 50 ministros licenciados, número registrado em relatório de 2009. Pode parecer pouco, mas representa quase dez por cento do corpo de pastores ativos. Caso se projete esse percentual à dimensão da já gigantesca Igreja Evangélica brasileira, com seus aproximadamente 40 milhões de fiéis, dá para estimar que a defecção dos púlpitos é mesmo numerosa. De acordo com números da Fundação Getúlio Vargas, o número de pastores evangélicos no país é cinco vezes maior do que a de padres católicos, que em 2006 era de 18,6 mil segundo o levantamento Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais. Porém, devido à informalidade da atividade pastoral no país, é certo que os números sejam bem maiores.
FERIDOS QUE FEREM

          O chamado pastoral sempre foi o mais valorizado no segmento evangélico. Por essa razão, é de se estranhar quando alguém que se diz escolhido por Deus para apascentar suas ovelhas resolva abandonar esse caminho. Nos Estados Unidos, algumas pesquisas tentam explicar os principais motivos que levam os pastores a deixar de lado a tarefa que um dia abraçaram. Uma delas foi realizada pelo ministério LifeWay, que, por telefone, contatou mil pastores que exerciam liderança em suas comunidades eclesiásticas. E o resultado foi que, apesar de se sentirem privilegiados pelo cargo que ocupavam (item expresso por 98% dos entrevistados), mais da metade, ou 55%, afirmaram que se sentiam solitários em seus ministérios e concordavam com a afirmação “acho que é fácil ficar desanimado”. Curiosamente, foram os veteranos, com mais 65 anos, os menos desanimados. Já os dirigentes das megaigrejas foram os que mais reclamaram de problemas. De acordo com o presidente da área de pesquisas da Life Way, Ed Stetzer – que já pastoreou diversas igrejas –, a principal razão para o desânimo pode vir de expectativas irreais. “Líderes influenciados por uma mentalidade consumista cristã ferem todos os envolvidos”, aponta. “Precisamos muito menos de clientes e muito mais de cooperadores”, diz, em seu blog pessoal.
Outras pesquisas nos EUA vão além. O Instituto Francis Schaeffer, por exemplo, revelou que, no último ano, cerca de 1,5 mil pastores têm abandonado seus ministérios todos os meses por conta de desvios morais, esgotamento espiritual ou algum tipo de desavença na igreja. Numa pesquisa da entidade, 57% dos pastores ouvidos admitiram que deixariam suas igrejas locais, mesmo se fosse para um trabalho secular, caso tivessem oportunidade. E cerca de 70% afirmam sofrer depressão e admitem só ler a Bíblia quando preparam suas pregações. Do lado de cá do Equador, o nível de desistência também é elevado, ainda mais levando-se em conta as grandes expectativas apresentadas no início da caminhada pastoral pelos calouros dos seminários. “No começo do curso, percebemos que uma boa parte dos alunos possui um positivo encantamento pelo ministério. Mais adiante, já demonstram preocupação com alguns dilemas”, observa o diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor batista Lourenço Stélio Rega. Ele estima que 40% dos alunos que iniciam a faculdade de teologia desistem no meio do caminho. Os que chegam à ordenação, contudo, percebem que a luta será uma constante ao longo da vida ministerial – como, aliás, a própria Bíblia antecipa.
          E, se é bom que o ministro seja alguém equilibrado, que viva no Espírito e não na carne, que governa bem a própria casa, seja marido de uma só mulher (ou vice-versa, já que, nos tempos do apóstolo Paulo não se praticava a ordenação feminina) e tantos outros requisitos, forçoso é reconhecer que muita gente fica pelo caminho pelos próprios erros. “O ministério é algo muito sério” lembra Gedimar de Araújo, pastor da Igreja Evangélica Ágape em Santo Antonio (ES) e líder nacional do Ministério de Apoio aos Pastores e Igrejas, o Mapi. “Se um médico, um advogado ou um contador erram, esse erro tem apenas implicação terrena. Mas, quando um ministro do Evangelho erra, isso pode ter implicações eternas.”
          Desde que foi criado, há 20 anos, em Belo Horizonte (MG), como um braço do ministério Servindo Pastores e Líderes (Sepal), o Mapi já atendeu milhares de pastores pelo país. Dessa experiência, Gedimar traça quatro principais razões que podem ser cruciais para a desmotivação e o abandono do ministério. “Ativismo exagerado, que não deixa tempo para a família ou o descanso; vida moral vacilante, que abre espaço para a tentação na área sexual; feridas emocionais e conflitos não resolvidos; e desgaste com a liderança, enfrentando líderes autoritários e que não cooperam”, enumera. Para ele, é preciso que tanto os membros das igrejas quanto as lideranças denominacionais tenham um cuidado especial com os pastores. “Muitos sofrem feridas, como também, muitas vezes, chegam para o ministério já machucados. E, infelizmente, pastor ferido acaba ferindo”.

          Quanto à responsabilidade do próprio pastor com o zelo ministerial, Gedimar é taxativo: “É melhor declinar do ministério do que fazê-lo de qualquer jeito ou por simples necessidade”. A rede de apoio oferecida pelo Mapi supre uma lacuna fundamental até mesmo entre os pastores – a do pastoreio. “É preciso criar em torno do ministro algumas estruturas protetoras. É muito bom que o líder conte com um grupo de outros pastores onde possa se abrir e compartilhar suas lutas; um mentor que possa ajudá-lo a crescer e acompanhamento para seu casamento e família e, por fim, ter companheiros com quem possa desenvolver amizades e relacionamentos saudáveis e sólidos”, enumera.
EXPECTATIVAS
          Juracy Carlos Bahia, pastor e diretor-executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), sediada no Rio de Janeiro, conhece bem o dilema dos colegas que, a certa altura do ministério, sentem-se questionados não só pelos outros, mas, sobretudo, por si mesmos. Ele lida com isso na prática e sabe que o preço acaba sendo caro demais. “Toda atividade que envolve vocação, como a do professor, a do médico ou a do pastor, é vista com muita expectativa. Quando se abandona esse caminho, é natural um sentimento de inadequação”. Para Bahia, o desencantamento com o ministério pastoral é fruto também do que entende como frustrações no contexto eclesiástico.

         Há pastores, por exemplo, que julgam não ter todo seu potencial intelectual utilizado pela comunidade. “Às vezes, o ministro acha que a igreja que pastoreia é pequena demais para seus projetos pessoais”, opina. Isso, acredita Bahia, estimula muitos a acumularem diversas funções, além das pastorais. “Eu defendo que os pastores atuem integralmente em seus ministérios. Porém, o que temos visto são pastores-advogados, pastores-professores, enfim, pastores que exercem outras profissões paralelas ao púlpito”, observa.
          No entender do dirigente da OPBB, esse acúmulo de funções mina a energia e o potencial do obreiro para o serviço de Deus. A associação reúne aproximadamente dez mil pastores batistas e Bahia observa isso no seio da própria entidade: “Creio que metade deles sofra com a fuga das atividades pastorais para as seculares”. Contudo, ele acredita que deixar o ministério não é algo necessariamente negativo. “A pessoa pode ter se sentido vocacionada e, mais adiante na vida, por meio da experiência, das orações e interação com outros pastores, é perfeitamente possível chegar à conclusão que a interpretação que fez sobre seu chamado não foi adequada e sim emotiva”.
          Quando, já na meia idade, casado e com dois filhos, ingressou no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), na capital pernambucana, Recife, Francisco das Chagas dos Santos parecia um menino de tanto entusiasmo. Nem mesmo as críticas de parentes para que buscasse uma colocação social que lhe desse mais status e dinheiro o desmotivou. “A igreja, para mim, é a melhor das oportunidades de buscar e conhecer meu Criador para que, pela graça, eu continue com firmeza a abrir espaço em meu coração para que ele cumpra sua vontade em mim, inclusive no ministério pastoral”, anotou em sua redação para o ingresso no SPN, em 1998. Ele formou-se no curso, foi ordenado pastor em 2003 e dirigiu igrejas nas cidades de Garanhuns e Saloá.
          Hoje, aos 54 anos, Francisco trabalha como servidor público no Instituto Agronômico de Pernambuco. Ainda não curou todas as feridas e ressentimentos desde que, em 2010, entregou seu pedido de desligamento da denominação. Ele lamenta o tratamento recebido pelos seus superiores enquanto foi pastor. “Minha opinião sobre igreja não mudou. Nunca planejei um dia pedir licença ou despojamento do ministério. Mas entendo que somos o Corpo de Cristo, e, se uma unha dói, todos nós estamos doentes”, pondera. “Não é possível ser pastor sem pensar em restaurar vidas – e existem muitas vidas precisando de conserto, inclusive entre nós, pastores”.
          A vida longe dos púlpitos ainda não foi totalmente sublimada e Francisco sabe bem que será constantemente indagado sobre sua decisão de deixar o ministério. “A impressão é que você deixou um desfalque, que adulterou ou algo parecido”, observa. Ele não considera voltar a pastorear pela denominação na qual se formou, porém não consegue deixar de imaginar-se como pastor. “Uma vez pastor, pastor para sempre”, recita, “muito embora as pessoas, em geral, acreditem que seja necessário um púlpito.”

PORTA DE SAIDA
 
Pesquisa realizada nos Estados Unidos traçou um panorama dos problemas da atividade pastoral...
70% dos pastores admitem sofrer de depressão e estresse
80% deles sentem-se despreparados para o ministério
70% afirmam só ler a Bíblia quando precisam preparar seus sermões
40% já tiveram casos extraconjugais
30% reconhecem ter reduzido as próprias contribuições às igrejas após a crise financeira
... e avaliou as consequências disso:
1,5 mil pastores deixam o púlpito todos os meses
5 mil religiosos buscavam emprego secular no ano de 2009, mais do que o dobro do que ocorria em 2005
2 a 3 anos de ministério é o tempo médio em que os pastores deixam suas igrejas, sendo em direção a outras denominações ou não
Fontes: Barna Group, Christian Post, The Wall Street Journal, Instituto Francis A. Schaeffer e Instituto Jetro
REBANHO ÀS AVESSAS
          A maioria dos pastores que se afastam de suas atividades ministeriais não abandona a fé em Cristo. Cada um deles, a seu modo, mantém sua vida espiritual e o relacionamento pessoal com Deus. Mas há quem saia do púlpito pela porta dos fundos, renegando as crenças defendidas com ardor durante tantos anos de atividade sacerdotal. Para estes – e, é bom que se diga, trata-se de uma opção nada recomendável –, existe a Freedom from Religion Foundation (“Fundação para o fim da religião”), entidade criada por ninguém menos que o mais famoso apologista do ateísmo da atualidade, o escritor britânico Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um delírio. Ele e um grupo de céticos lançaram o Projeto Clero, iniciativa que visa a apoiar ex-clérigos – pastores, padres, rabinos – no reinício da vida longe das funções religiosas. “Sacerdotes que perdem sua fé sofrem uma penalização dupla. Eles perdem seu emprego e, ao mesmo tempo, sua família e a vida que sempre tiveram”, argumenta Dawkins, no site do projeto. Não se tem notícia confiável de quantos ex-líderes aderiram ao Projeto Clero, mas parece óbvio que a ideia do refúgio ateu não é apenas abraçar sacerdotes cansados da vida religiosa, mas também engrossar o rebanho crescente daqueles que repudiam a possibilidade da existência de Deus.
MUDANÇA DIFÍCIL
Não foi uma escolha fácil. Quando o ex-pastor batista Osmar Guerra decidiu que seu lugar não era mais o púlpito, logo foi fustigado por olhares de decepção das pessoas que estavam ao seu redor e acreditavam em seu trabalho espiritual. Afinal, desde menino ele era o “pastorzinho” de sua igreja em Piracicaba, no interior paulista. Desinibido e articulado, o garoto, bem ensinado pelos pais na fé cristã, apresentava uma natural vocação para o pastorado. Por isso, foi natural sua decisão de matricular-se Faculdade Teológica Batista de São Paulo e, após os anos de estudo, assumir a função de pastor de adolescentes da Igreja Batista da Água Branca (IBAB), na capital paulista.
          Começava ali uma promissora carreira ministerial. Osmar dividia seu trabalho entre as funções na igreja e as aulas de educação cristã, lecionadas no tradicional Colégio Batista. Tempos depois, o pastor transferiu-se para outra grande e prestigiada congregação, a Igreja Batista do Morumbi. Mas algo estava fora de sintonia, e Osmar sabia disso. Toda sua desenvoltura na oratória, sua capacidade de mobilização e seu espírito de liderança poderiam não ser, necessariamente, características de uma vocação pastoral. E, como dizem os jovens que ele tanto pastoreou, pintou uma dúvida: seu lugar era mesmo diante do rebanho? “Eu era um excelente animador. Mas me faltava vocação, e fui percebendo isso cada vez mais”.
          O novo caminho, ele sabia, não seria compreendido com facilidade pela família, pelos amigos e pelas ovelhas. Mas ele decidiu voltar a estudar, e escolheu a área de rádio e TV. E, mesmo ali, não escapou do apelido de “pastor”, aplicado pela turma. Quando conseguiu um estágio na TV Record, percebeu que ficava totalmente à vontade entre os cenários, as produções e os auditórios. Com seu talento natural, Osmar deslanchou, e o artista acabou suplantando o pastor. Depois de pedir demissão da igreja, em 2005, ele galgou posições na emissora e hoje é o produtor de um dos programas de maior sucesso da casa, O melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro.

          “Durante muito tempo, fiquei em crise”, reconhece hoje, aos 31 anos. “Tive medo de tomar a decisão de deixar de ser pastor. Mas, hoje, sinto-me mais confiante e honesto comigo mesmo e perante os outros”, garante. Longe do púlpito, mas não de Jesus, Osmar Guerra continua participativo na sua igreja, a IBAB, onde toca e canta no louvor. De sua experiência, ele se acha no direito de aconselhar os mais jovens. “Defendo que, antes do seminário, as pessoas busquem formação em outras áreas, ainda mais quando são novas”, diz. Isso, segundo ele, pode abrir novas possibilidades se o indivíduo, por um motivo qualquer, sentir-se desconfortável no púlpito. Contudo, ele não descarta o valor de um chamado genuíno: “Se, mesmo assim, a vontade de se tornar um pastor continuar, isso é sinal de que o caminho pode ser esse mesmo.”


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

TER UMA ESTRUTURA ESTÁVEL!

A Igreja de Cristo precisa caminhar em unidade. Só que a unidade para ser verdadeira tem que partir da essência, entendendo que mesmo nas nossas diferenças como pessoas, podemos, sim, caminhar e ter unidade. Muitos não conseguem entender essa verdade porque lhes falta uma estrutura estável, saudável, falta-lhes ser da essência e se permitir ser mexido na essência.

Sabemos que, como Corpo, nem sempre é fácil compreender a realidade, forma de pensar, estilo de vida, condutas e comportamentos de alguns irmãos. Mas, naquilo que for incompreensível, que tenhamos amor na direção das pessoas. Precisamos treinar nosso coração em amor; aprender a amar.

O que falta para muitos cristãos é viver em santidade e ter um caráter irrepreensível, estar disposto a viver em prol do Evangelho por amor ao Senhor. Compreender que agradar a Deus é mais importante do que agradar a homens e que o que interessa no Reino é a singularidade e não a exclusividade, apesar de o mundo ensinar que o que vale hoje é a exclusividade.

Viver em cobertura

Viver em cobertura é o que todo ser humano deseja. Mas ninguém quer uma cobertura de qualquer jeito. O que todos procuram, alguns até sem saber, é viver sob uma cobertura estável, que gere unidade e que tenha uma visão ampliada do Reino de Deus.

Quando vivemos em uma cobertura saudável, que nos proporciona ser uma estrutura estável, aprendemos que vale a pena viver em unidade, sem negociar a visão que Deus nos deu. E a cada dia vamos rompendo as barreiras de relacionamento que insistem em permanecer no arraial, e, dentro das nossas diferenças, temos a liberdade que não pode ser perdida.

A visão da unidade nos leva a viver em cobertura, pois em unidade não queremos caminhar sozinhos, mas acompanhados. E isso precisa ser consolidado diariamente em nós. As pessoas que não entendem essa verdade não se tornam arautos de um grande avivamento.

Você, como filho de Deus, tem que entender que foi chamado para uma mudança radical no seu território. Deus o chamou. E porque Deus chamou, você será tomado de tal maneira que a visão e o sonho do coração dEle será maior na sua vida.

Vivendo os projetos de Deus

O problema é que muitos estão querendo que o seu projeto pessoal e menor englobe o projeto maior. O projeto menor tem que se submeter ao maior. Deus quer nos consolidar numa estrutura para que de olhos abertos, tenhamos visão, e, de olhos fechados, tenhamos sonhos.

Devemos abrir mão de nossos projetos pessoais e de exclusividade, se eles não beneficiam o Reino, se não darão honra e glória ao Nome do Senhor. Nada nem ninguém poderá nos arrancar do foco, se caminharmos em unidade e vivermos em uma cobertura saudável. Então, o inimigo não conseguirá mexer em nossa estrutura.

Não se deixe contaminar

Quantas pessoas sadias estão contaminadas, desestruturadas em seus sonhos. Deixaram-se vencer pela carne. Mas sobre a sua vida vem o alerta hoje de que você não deve se deixar contaminar.

Cuide da sua casa espiritual, que é a sua vida. Não se contamine com nada que você sabe que vai roubar a sua unção, a sua essência. A ordem é: não se deixe contaminar com nada nem ninguém. Você é muito precioso. Seu valor é inestimável. Valorize-se! Rejeite as contaminações da carne, da alma, do espírito.

O mercado ganha muito dinheiro vendendo contaminações de todas as espécies. Isso é um sinal no mundo espiritual, pois tudo o que temos dentro da nossa casa ou que trazemos para dentro da nossa casa, se estiver contaminado, torna-se um sinal no mundo espiritual.

Julgue você mesmo: uma pessoa contaminada vive na rota da carnalidade e soma a falta de êxito em algumas áreas da sua vida nas quais a ira e a carne ainda prevalecem. Mas nós, que nascemos de novo, temos o poder dos poderes dentro de nós. Podemos vencer toda e qualquer contaminação que queira entrar ou que esteja rondando o nosso arraial.

Não podemos apenas querer ser espiritual, mentores de uma geração sem unidade, sem ter uma estrutura saudável. Deus quer que sejamos uma geração sem trauma, livres para viver na essência do que o Reino nos oferece.

O que Deus tem para a sua vida é muito mais do que você já recebeu e do que você pode imaginar. Você nasceu para fazer diferença nesta geração.

Viva a vida de Deus em santidade. Seja livre no Senhor e não se contamine com nada, pois você é, nesta Terra, a expressão da glória de Deus. Em unidade, como Corpo de Cristo, vamos vencer a carnalidade para que o Fruto do Espírito nasça em nossa vida e resplandeça em nossos corações.

Viver no espírito para vencer a carne

A Bíblia diz que na guerra entre o espírito e a carne, vence o que estiver mais forte. Se a carne estiver mais fortalecida que o espírito, ela vence. É melhor entrar no céu pelos nossos exageros de cuidado e vencer o espírito da carnalidade, do que ficar dando vazão à carne e não entrar no Reino.

Dar vazão à carne pode custar muito caro e tragar uma geração, como aconteceu com os garotos que não venceram a carne e zombaram do profeta Eliseu. A Bíblia diz que eles foram comidos, 42 adolescentes tragados por duas ursas.

Seja santo e não carnal. Mesmo nos momentos em que a carne quiser ocupar o lugar do espírito, não se torne carnal. Homens de Deus não são chamados para destilar carnalidade. Temos que ser uma geração consolidadora. E se há vingança no seu coração, vença o espírito vingativo.

Não tenha medo das pessoas tomarem o seu lugar e competirem com você. Não tenha medo! O que é seu, é seu. Seja seguro. Faça o que for preciso para ser a melhor pessoa que você puder ser em Deus. Viva no espírito para vencer a carne, pois você é a escolha do Pai para fazer parte da nova geração que está nascendo e escrevendo uma nova história.

Ap. Renê Terra Nova
MIR